Mesmo com o forte movimento de alta registrado pelo Ibovespa recentemente, a palavra de ordem entre analistas para o mês de junho é cautela. Sem indícios mais sólidos de retomada pelo lado real da economia, sobram dúvidas sobre a manutenção do vigoroso fluxo externo positivo.
Poucas são as discordâncias quando o tema é a superação dos piores momentos da crise. Contudo, aversão ao risco em queda livre e melhora em alguns indicadores econômicos seriam evidências concretas apenas do "final do início da crise", como define a corretora Spinelli.
O entendimento entre os especialistas é de que houve descompasso na evolução dos índices acionários e dos fundamentos econômicos. "Os investidores parecem já flertar com a euforia", alerta a Spinelli.
Espaço para realização
A lógica, todavia, tem sido contrariada pela manutenção do forte fluxo de investimentos externos direcionado ao mercado acionário brasileiro.
Considerando o cenário mais pessimista traçado no início do ano, a pontuação alvo estimada por analistas da Ativa Corretora de 55 mil pontos já foi praticamente alcançada - "o upside por essa metodologia acabou", concluem.
Sem a comprovação de uma aceleração semelhante da economia real, os analistas da Ativa afirmam não estar "confortáveis com uma indicação de que o Ibovespa manterá essa trajetória de forte alta".
Atenção aos EUA
A equipe da corretora SLW preferiu destacar outro fator de risco sobre os mercados no curto prazo - a deterioração das contas públicas norte-americanas. Embora reconheça haver sinais de uma recuperação lenta da economia do país, "a questão fiscal nos EUA ainda será um ponto analisado pelos investidores e o seu desfecho não é certo", afirmam.
Segundo a equipe do UBS Pactual, o ponto chave para a compreensão do mercado é o momento em que o foco deixará a normalização do prêmio por risco para bases mais ligadas aos fundamentos. "Alguma consolidação nos preços das ações deverá ocorrer no curto prazo", conclui.
Fonte: Infomoney