O anúncio do reajuste dos preços do minério de ferro da Rio Tinto não traz grandes alterações no curto prazo para a Vale, afirmam analistas, embora deva refletir seriamente na próxima rodada de reajustes da mineradora brasileira.
O reajuste próximo a 80% do preço cobrado pelo minério vendido à Baosteel representa um marco nas conturbadas negociações por reajustes realizadas neste ano. Junto à Vale e à BHP Biliton, a Rio Tinto domina o mercado mundial de minério de ferro.
Embora os preços acertados pela mineradora australiana sejam maiores que o conseguido pela Vale em fevereiro deste ano, o anúncio revela que o mercado mundial da commodity continua com um apertado saldo entre oferta e demanda.
Agressividade
De acordo com os analistas do banco de investimentos Banif, as mineradoras australianas adotaram postura mais agressiva em relação aos chineses que a Vale, o que explica em parte a demora em finalizar o acordo. A empresa brasileira, de maneira explícita, optou por fortalecer o relacionamento de longo prazo com seus clientes.
Dados os valores maiores do frete marítimo, o minério produzido pela empresa brasileira chegava aos portos chineses com preço ainda mais elevado que o das concorrentes, o que impulsionou os valores pedidos pelos ofertantes australianos.
Em entrevista concedida à InfoMoney anteriormente, o Diretor de Relações com Investidores da Vale, Roberto Castello Branco, afirmara que o reajuste de 65% mostrava-se bem sucedido, uma vez que as concorrentes não haviam conseguido acordos semelhantes.
Novo Paradigma
Até o presente, o primeiro grande contrato fechado no ano tornava-se referência automática para todos os outros. Esperava-se que tal papel recaísse sobre o acordo da Vale, fechado em fevereiro, mas analistas acreditam que agora os padrões de negociação foram alterados.
Para Rodrigo Ferraz, da corretora Brascan, o novo reajuste deixa as siderúrgicas chinesas em posição mais frágil, uma vez que as negociações com os fornecedores podem tornar-se mais duras e freqüentes.
Reflexos na bolsa
Tendo em vista este cenário, o reajuste pedido pela Vale deverá incorporar o diferencial concedido para suas concorrentes na próxima rodada de negociações, acredita a equipe do Banif, que espera por uma postura mais agressiva da mineradora brasileira em 2009. Os mesmos analistas descartam a possibilidade de um novo reajuste por parte da Vale neste ano, mantendo-se neutros em relação aos papéis da companhia neste momento.
Por outro lado, Rodrigo Ferraz entende que a valorização dos papéis da empresa neste pregão deveria ser maior. Entretanto, ressalta que fatores como o baixo nível dos preços internacionais do níquel e a apreciação da moeda brasileira continuam a pressionar os ativos da blue chip brasileira. Neste pregão, os papéis da Rio Tinto registram queda 0,10%, enquanto as ações preferenciais da Vale operam em alta próxima a 1,3%.
Fonte: InfoMoney