Depois da reabertura negativa da véspera, a bolsa brasileira consegue engatar movimento mais consiste de recuperação na tarde desta quinta-feira (26). As blue chips sustentam a alta próxima de 2% do Ibovespa, graças à valorização do petróleo e dos metais básicos. O setor financeiro consolida os ganhos.
As preocupações que ficaram da semana passada, quando fora levantada a possibilidade de nacionalização de bancos nos EUA, aos poucos é esquecida. Na última quarta-feira, Ben Bernanke descartou os rumores, limitando as aquisições do governo a fatias minoritárias. Nesta quinta-feira, cresce a expectativa de novos aportes às instituições financeiras em meio à apresentação do orçamento governamental de Barack Obama.
Setor financeiro em foco
Os bancos guiam a sessão mais amena lá fora, que permite a recuperação do Ibovespa durante a tarde. Em Wall Street, a resposta positiva das ações de Citigroup, Bank of America e Wells Fargo chama atenção. Por aqui, Bradesco e Itaú apresentam bom desempenho. Ainda no setor financeiro, o destaque negativo fica com a Redecard, que cai forte diante da notícia de oferta secundária da fatia do Citi na empresa.
Petrobras dá impulso
Mesmo com a incerteza ainda predominante sobre as ações lá fora, tendo em vista nova rodada de indicadores ruins da economia dos Estados Unidos, o que segura o Ibovespa no campo positivo é a valorização de suas principais blue chips, Vale e Petrobras.
Por trás da alta destas ações está o cenário de ganhos no mercado internacional de commodities. O petróleo é o grande destaque, pois consegue estender a forte alta da véspera.
Depois do inesperado recuo nos estoques norte-americanos de gasolina, cresce a impressão de que os cortes de produção efetuados pela Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) começam a surtir efeito sobre a oferta do produto. Os contratos com vencimento em abril apontam alta de 3,95% em Nova York.
Novidades para a Vale
Para a Vale, além da alta de metais básicos como o cobre, que sobe 3,1%, divide espaço com as novidades a respeito das negociações para o reajuste de preços do minério de ferro.
Após a Cisa (China Iron and Steel Association) afirmar que as siderúrgicas chinesas querem corte entre 30% e 40% nos preços, o Shanghai Securities News noticiou nesta quinta-feira que as três grandes mineradoras (Vale, BHP e Rio Tinto) mantêm-se à espera de maior estabilização do mercado para partirem para um acordo de preços, também sob a perspectiva dos diversos pacotes de estímulo à atividade econômica.
Paralelamente, o analista Hu Kai afirmou ao portal Umetal.com que, se estas três mineradoras decidirem reduzir em 10% ou 15% suas produções, faltará minério no mercado chinês.
Indicadores em segundo plano
A diversidade de referências corporativas deixa a agenda em segundo plano. O número de pedidos e entregas de bens duráveis feitos à indústria norte-americana teve forte recuo durante o mês de janeiro. Os pedidos de auxílio-desemprego superaram as estimativas na última semana.
Não bastasse a pressão destes dois indicadores, a quantidade de casas novas vendidas nos EUA em janeiro frustrou as projeções do mercado, segundo dados divulgados pelo Departamento de Comércio dos EUA.
Blue chips seguram o Ibovespa
Com Wall Street ainda indefinida entre a alta dos bancos e a pressão da agenda de indicadores, o forte desempenho das blue chips garante o Índice Bovespa no campo positivo, com valorização próxima de 1,70% no meio da tarde. Tal oscilação coloca o índice na casa de 38.900 pontos, com volume financeiro superior a R$ 1,8 bilhão.
Vale e Petrobras se destacam pelo peso sobre o cálculo do índice, mas a maior alta do dia fica por conta das ações da Eletropaulo. A elétrica comunicou que venceu batalha judicial para restituição de valores referentes ao pagamento da Finsocial e, deste modo, reconhecerá a cifra de R$ 194 milhões em seu balanço de 2008.
Fonte: InfoMoney