Pela fraca performance recente das ações da estatal, a ansiedade dos investidores com a divulgação do resultado da Petrobras (PETR4, PETR3) se multiplica. Com a inversão de trajetória do preço do petróleo no foco das preocupações atuais, a publicação aparece para muitos como um possível catalisador para um eventual movimento de recuperação dos papéis.
Contrariando a impressão negativa causada pelo preço da commodity atualmente, o segundo trimestre da Petrobras tem tudo para ser pautado na cotação do petróleo, mas em seus patamares recordes. O período pegou grande parte do impulso mais expressivo no preço do óleo.
Somente esta consideração já garante expectativa positiva quanto ao balanço do período, mas outras frentes também favoreceram o momento, o que reforça a esperança do mercado quanto à contribuição do resultado na recuperação dos ativos.
O período de abril a junho não marcou apenas o último sprint das cotações do petróleo, mas acompanha intervalo de boa expansão produtiva da estatal petrolífera, cujos dados mensais de produção já divulgados sugerem crescimento próximo de 4,5% na média. Além destes dois eventos, também se destaca o reajuste nos preços domésticos da gasolina e óleo diesel.
Combinação de eventos favorece
Até agora, todos os fatores apontaram para um resultado operacional favorável, mas um olhar para o cenário macroeconômico brasileiro no período traz à tona uma trajetória de forte depreciação do dólar, algo que pode limitar a contribuição desta combinação de eventos aos números operacionais do período.
A questão foi ressaltada pela equipe de análise do banco norte-americano Citigroup, que afirmou que "o impacto favorável da alta do preço do petróleo deve ser parcialmente ofuscado pela apreciação de 20% do real" no período.
As possíveis contribuições desfavoráveis ao balanço também aparecem em relação a margens negativas de refino e a uma preocupação com a estrutura de custos operacionais da empresa. Parte predominante das vertentes alimenta o coro dos mais otimistas, mas a eficiência da empresa principalmente na administração de seus custos é que vai determinar o real impacto do balanço.
Alta de preços puxa receitas
Perspectiva positiva dos analistas para o resultado é consenso. De maneira geral, indicadores como a geração operacional de caixa e as receitas figuram entre os principais motivadores desta visão.
Com o amparo do alto preço do petróleo no trimestre, a média de projeções incorpora evolução próxima de 25% na receita líquida da empresa, com destaque também para o Ebitda - geração operacional de caixa -, cujas estimativas relacionam crescimento de cerca de 18%.
Lembrando do primeiro trimestre, os fracos dados produtivos da Petrobras também ofereciam um viés negativo à espera pela divulgação do resultado, mas os bons dados trouxeram forte impacto às ações.
Confira as projeções
(em R$ milhões) Projeção 2T08* 2T07 %
Receita Líquida 52.091 41.798 +24,6%
Ebitda** 16.671 14.087 +18,3%
Lucro Líquido 8.232 6.800 +21,1%
*Média dos sete analistas consultados pela InfoMoney
**Lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização
O trimestre da recuperação?
O Santander utilizou desta comparação para reforçar sua aposta de boa contribuição às ações, acompanhada pelos analistas do UBS. O atual preço das ações preferenciais da estatal, que relaciona desvalorização de mais de 23% no acumulado do ano, pode ser um atrativo a mais diante de tamanha expectativa quanto aos resultados.
Na avaliação dos analistas do Citi, as perspectivas permanecem favoráveis quanto ao futuro da empresa, fator que torna a recente derrocada das ações uma ótima oportunidade de entrada. Das sete instituições consultadas para a formulação da média de projeções aos resultados operacionais, todas recomendam a compra das ações da Petrobras.
Fonte: InfoMoney